Para nós, foi assim.

Há vários dias que ando a pensar no que queria escrever no seguimento da tragédia do Meco, que despoletou imediatamente as reacções do costume dos anti-praxe. Alguns ainda afiam as facas, outros já vão dizendo as maiores barbaridades sobre um caso que, estando ainda em segredo de justiça, não tem ainda quase nada de concreto.

Mas neste caso a Adriana facilitou-me a vida. A Adriana foi praxada comigo em 97/98, praxou ao meu lado em 99/00 e passou por tudo o que eu passei. A diferença é que ela conseguiu pôr tudo em palavras, num desbafo no facebook que surge como reacção a uma notícia do telejornal e com o único objectivo de  passar a palavra sobre o que a praxe foi para ela.

E é assim, sem discussões, sem argumentos. Cada um tem a sua história. Esta foi a dela, a nossa:

"Não sou anti-praxe.
Quando bem preparada, é uma forma gira e engraçada de quebrar o gelo e conhecer o espaço onde nos movimentaremos por um par de anos.


Tenho memórias vivas desses tempos, de ser "caçada" com o pacato Américo nos corredores do CPI e conduzida via Sr. Mota ao "aeroporto" onde já se disputava uma peculiar partida de futebol entre as meninas das Taipas e o Rodinhas. Lembro-me de "instituições" dessa época: Do Aurora, e do seu sistema de marcação de afilhadas, do Cardeal maluco por Educação Física que nos dava umas aulas puxadinhas, Do Tomates, do Besaina, do Felismino R., da Caloiraça, do Rotundas e do Carneiro, de andar às cavalitas e carrinho com o Delga e dos treinos militares com os pneus. Da 1ª vez que estive com a Eduarda e da preocupação dela com o ouro que estava a usar e não queria tirar, da Veronique, da Linda, da Pina, da Raquel, da risonha menina de Cambeses, da Marta e dos 1ºs tempos de idas e vindas de comboio, da Ana Beatriz, do Álvaro e do Agostinho que não gostava de ler... Daqueles seres estranhos que não eram do 2º ano e nos observavam do topo das escadas, os transferidos, o Paulo, o Pedro , o Nelito e os muito meus Ana Paula e Jorge que em conjunto com o mano Márcio da Madeira foram a minha espinha dorsal ao longo do curso.


Lembro-me também de algumas praxes, a encenação do Big Show Sic com o macaco Adriano, o Beijo com o acetato, os sapatos em cima das árvores, a roupa do avesso, o salto para a fonte, o relógio, o Hino de Curso e demais cânticos, as guerras!


Nunca gostei muito da linguagem vernácula... de estar de 4 ou olhar para o chão, das pinturas... Mas, pessoalmente, nunca me senti humilhada nem obrigada a nada.


E quando me lembro desses tempos e de todas as pessoas a meu lado, lembro-me, acima de tudo, da brincadeira e do sentimento de descoberta de um mundo novo... E tenho saudade!"


Obrigado à Adriana, pelas memórias, pelo texto perfeito e por me permitir partilhá-lo. Que saudades!!!

A crise e a restauração

Hoje serviram-me uma posta num restaurante da Régua e a carne não estava boa. O cheiro já não era sugestivo, bastou levar o garfo à boca para perceber que era impossível de comer. Quando me queixei, e pedi que me trouxessem algo, qualquer coisa que tivessem a certeza de que estava bom, fizeram questão de me trazer outra posta. Uma das boas, de qualidade, com um sabor excelente. Era preferível terem escolhido outro prato qualquer, porque assim soube de imediato que tinha sido de propósito. Havia a carne boa, para os clientes habituais, e a outra carne para os outros.

Ontem ao almoço, em Mirandela, a "alheira tradicional" estava indescritível de tão má. Isto num restaurante que, dizem os locais, "até se come bem e o senhor é simpático".

É cada vez mais frequente e torna-se preocupante para quem, como nós, é obrigado a comer fora, muitas vezes em sítios que não conhecemos bem. Têm fechado muitas casas por todo o país e nota-se que cada vez mais há dois tipos de restaurantes:

1) Os bons, que agora são quase de luxo, nos quais se paga sem grande esforço uns 20 euros por pessoa e onde se come sempre bem;
2) Os baratos, que servem diárias. Nestes é garantido que ao almoço a refeição não passa do razoável mas é barata - o pior é ao jantar. Ao jantar cada vez há menos clientes, e como estes restaurantes vão vivendo principalmente dos almoços fazem preços ridículos ao jantar porque aí não há prato do dia. E a qualidade, essa, fica só para os tais clientes habituais, que os desconhecidos comem qualquer coisa. Acredito mesmo que se não tivessem um horário afixado muitos destes restaurantes fechavam depois dos almoços para só voltar a abrir no dia seguinte. E assim sobravam para o jantar de turistas apenas os tais restaurantes "de luxo".

Sim, é compreensível que cada um tente sobreviver como pode, e entre o cliente habitual e o de passagem é natural que se dê preferência a quem dá mais garantias de voltar. Mas será que já chegámos ao ponto em que se tem que escolher entre um e outro, fechando os olhos aos valores mais básicos associados à profissão e à obrigação moral de bem servir qualquer cliente? A verdade é que o comportamento é socialmente condenável e revela uma total falta de profissionalismo. Mas será que nesta fase é este caminho ou fechar as portas de vez?

Sobre campeões: Os que foram, os que são e os que querem ser.

Perdemos Eusébio e custou realmente. Uma figura mítica, um ídolo de gerações, um futebolista de topo - mas não só: Eusébio conseguiu, até ao fim e mesmo trabalhando com o Benfica, ser sempre respeitado por todos, mesmo os rivais. Porque também ele, na sua humildade de menino, sempre soube respeitar todos. Até sempre, grande Eusébio!!

Discordo completamente dos que dizem que o Benfica-Porto foi um mau jogo. Na minha opinião o Benfica fez um grande jogo, extremamente competente, o melhor contra este adversário na era Jesus. No estádio, então, foi um prazer observar a geometria defensiva do Benfica. Enzo sempre a fechar as linhas de passe para Lucho, os alas a jogar como interiores muito bem defensivamente,  Lima e Rodrigo como falsos avançados, sendo os primeiros a defender e sempre à espera do ataque rápido. Foi uma vitória justíssima com uma demonstração de superioridade obrigatória a quem quer ser campeão, pelo menos quando joga em casa. E com um guarda-redes a sério na baliza...Finalmente!!!

No dia seguinte, pausa nas críticas à arbitragem para torcermos todos pelo mesmo. E Cristiano venceu! As lágrimas do nosso campeão foram lágrimas de Portugal. Este troféu também é um pouco nosso, dos que SEMPRE te defenderam mesmo quando "só jogavas bem no clube" ou "tinhas a mania". És o melhor jogador do Mundo, mas isso, no fundo, já todos sabiam. Parabéns Cristiano, parabéns Portugal!!!